Pois é, meus amigos... Mais uns tempos de trabalho, mais umas pérolas da sabedoria popular!
Aquilo que todos queremos saber, mas que não nos ensinam na Universidade...
A arte do desenrasca no seu melhor...
No fundo, para problemas macacos, soluções macacas!
CASO N.º 4
Bruxaria? Voodoo? Ou simplesmente nada?
Numa bela tarde de trabalho, em que fui acompanhar a realização do contraste leiteiro a uma das explorações associadas, deparei-me com uma situação caricata: todos os cordeiros andavam com um raminho de trovisco pendurado no pescoço, tipo uma coleira. A primeira coisa que pensei, foi que era um tipo de marcação, ou até um simples ornamento, pois há pastores que adoram verdadeiramente os seus animais, concedendo-lhes, por vezes, "miminhos" semelhantes. Sim, não pensem que são só os Lulús que são adorados... Resolvi tocar no assunto:
- Então e os cordeiros? Estão engraçados, nunca tinha visto... É para quê?
- Oh, doutor... É por causa da diarreia... Já andam com isto há uma semana, alguns estão melhores...
Pois... e outros foram com o c***lho!!! A sorte é que estes animais rústicos devem possuir alguma imunidade face aos agentes locais, senão eram dizimados por colibaciloses, coccidioses e outras oses meiguinhas...
Neste momento, estou a tentar implementar um programa de maneio reprodutivo, aliado a um programa de vacinação e desparasitação, mas tem sido complicado "abrir os olhos" a alguns criadores... Mesmo depois de lhes demonstrar que é melhor tirar os carneiros do rebanho (aplicação do efeito macho) e que tem todo o interesse ter épocas de parição curtas e definidas, alguns ainda torcem o nariz e até já me mandaram a seguinte regadela:
«Pois se elas querem f*der, que f*dam!»
Lindo... Tenho 4 explorações que já aderiram, o que já me vai dar, de certeza, trabalho de sobra para a próxima época reprodutiva. Como isto não é matemático, só espero que tudo corra bem, para que sirvam de exemplo aos outros e haja mais a aderir para o ano... A ver vamos!
CASO n.º 5
Leite é Vida... Será?
Noutra exploração, de um verdadeiro matarruano, um brutamontes nas palavras, no físico e no maneio dos animais, a conversa era sobre a boa produção que o seu rebanho apresenta. Foi dos melhores rebanhos que vi por aqui até agora, apesar de não terem cuidados de maneio praticamente nenhuns (nem tiram os machos). Ainda assim, conseguem ter uma óptima produção. Mas, adiante... A conversa foi a seguinte:
- Já vi que tem uma boa produção...
- Pois é, doutor... No ano passado ordenhei algumas durante 3 meses! Até tive que matar o cão...
- Matou o cão porquê?!
- Foi um cão que me apareceu aqui e por cá ficou. Depois começou a beber leite, a engordar e pôs-se maluco... tive que o matar!
Nem comentei... A conversa não se prolongou muito mais tempo, pois depressa me apercebi que é praticamente impossível manter uma conversa interessante e útil com alguém deste calibre...
CASO N.º 6
In Vino Veritas
Em conversa semelhante com outro produtor, comecei fazer a pergunta que será, provavelmente, a mais utilizada para iniciar uma conversa:
- Então tem tido problemas com o gado?
- Nada, doutor!... Bem... houve para aqui uma p*tas que se me cegaram...
- Ai sim?
- Foi. Apareceram-me cegas, mas já as tratei. Já lhes está a passar.
- Então e o que é que lhes deu?
- Ainda tenho ali o garrafão pendurado: vinho com sal.
- Deu-lhe isso de beber???
- Não, doutor! Foi para lavar os olhos...
E pronto, caros macacos, foram mais 3 pérolas de uma sabedoria popular que ainda vai dar muito que regar... Mais uma vez, aguardo os vossos conselhos macacos, para lidar cada vez melhor com estas situações macacas.